Nas últimas décadas, a globalização influenciou o aumento da busca por alimentos em fast foods e o desenvolvimento de um estilo de vida mais sedentário, desencadeando o crescimento dos casos de Síndrome Metabólica (SM).
A SM é caracterizada por um conjunto de desequilíbrios metabólicos que aumentam o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares, sendo considerada uma doença da civilização moderna. Tem como base a resistência à ação da insulina, hormônio que regula o açúcar do sangue (glicemia) a partir de três ou mais dos seguintes fatores:
- Excesso de gordura abdominal;
- Altos níveis de triglicerídeos;
- Altos índices de glicose (açúcar no sangue);
- Baixos níveis de “bom colesterol” (HDL);
- Pressão arterial elevada.
O tratamento da SM visa a maior sensibilização à insulina através da mudança do estilo de vida e, a depender do caso, da utilização de medicamentos específicos.
Nos últimos anos, pesquisas científicas vêm sugerindo uma relação entre a microbiota intestinal e a sinalização da insulina com consequente regulação da glicemia. Assim, os probióticos e prebióticos ganharam destaque para a possibilidade de complementarem as estratégias convencionais no tratamento da SM.
No Irã, 38 indivíduos com SM participaram de um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo para avaliar se a utilização de simbióticos (suplementos de probióticos com prebióticos) seria eficiente na melhora do quadro metabólico. O grupo experimental recebeu cápsulas com frutooligossacarídeos e as seguintes cepas probióticas: L. casei, L. rhamnosus, L. bulgaricus, L. acidophilus, B. breve, B. longum e S. thermophilus. Após 28 semanas de suplementação, estes indivíduos apresentaram índices significativamente melhores de glicose no sangue e melhora da resistência à insulina.
Com relação aos níveis de colesterol sanguíneo, uma meta-análise demonstrou que os probióticos podem interferir na absorção intestinal dessa substância quando provinda da dieta e na sua reabsorção quando provinda da bile, reduzindo sua fração total no organismo. Além disso, cepas de Lactobacillus e Bifidobacterium podem auxiliar no controle do colesterol ao produzirem ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que parecem inibir a função da enzima que participa da produção endógena (pelo próprio corpo) de colesterol. Dentre os AGCC também há o butirato, que pode participar de diversas vias metabólicas de forma a melhorar a sensibilidade à insulina e reduzir a gordura corporal, prevenindo o desenvolvimento dos fatores de risco para a SM.
É muito importante que o indivíduo com SM realize mudanças em seu estilo de vida, incluindo a prática frequente de exercícios físicos, a melhora da qualidade do sono e adequação da alimentação. Neste processo, os probióticos podem ser grandes aliados ao tratamento da SM.
Referências
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