A frequência das infecções gastrointestinais aumenta no período do verão, principalmente mediante a ingestão de água e vegetais sem o tratamento adequado, bem como durante viagens a locais onde as condições de saneamento e higiene são precárias. Diversos microrganismos infecciosos, como bactérias, vírus e até protozoários, podem gerar inflamação no trato gastrointestinal (TGI), resultando em episódios frequentes de diarreia que são acompanhados de náusea, vômito, febre, dor abdominal e consequente desidratação.

Durante os episódios de diarreia aguda (DA), a microbiota intestinal (MI) — ou seja, os microrganismos que habitam normalmente o intestino — sofre um desequilíbrio significativo. Esse estado prejudica não apenas o bem-estar e a digestão, mas também o sistema imunológico e a barreira intestinal, que desempenham papeis essenciais na proteção contra patógenos. Para recuperar a integridade e funcionalidade da MI, a suplementação de probióticos tem se mostrado uma aliada valiosa por inibir o crescimento de microrganismos que causam doenças, reforçar a barreira intestinal e otimizar a função das células de defesa do corpo.

Evidências científicas sustentam o uso de probióticos no manejo da DA. Em um estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, foi administrada a suplementação de Saccharomyces boulardii CNCM I-745 diariamente em adultos diagnosticados com DA causada por vírus. No quarto dia da infecção, 70% dos pacientes que receberam o probiótico relataram melhora do quadro, contra apenas 26% do grupo placebo. Esses dados sugerem que o probiótico pode reduzir a duração da DA associada a infecções virais.

Outro exemplo relevante é o de Bacillus clausii, amplamente estudado em populações pediátricas. Uma revisão sistemática e meta-análise revelou que a suplementação deste probiótico, quando combinada ao tratamento com sais de reidratação oral, pode reduzir significativamente tanto a duração da DA, quanto o tempo de internação hospitalar. Além disso, ensaios clínicos realizados com adultos demonstraram que B. clausii é eficaz e seguro no tratamento e prevenção de DA.

A suplementação probiótica também pode ser considerada como medida preventiva aos viajantes que se dirigem a locais com condições sanitárias precárias, uma vez que dificulta a colonização de patógenos no TGI.

Por fim, integrar a suplementação de probióticos ao manejo da DA representa, além de um suporte ao tratamento convencional, uma abordagem eficaz para promover a recuperação da saúde gastrointestinal e o bem-estar geral dos pacientes.

Referências

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