A anemia é uma questão de saúde pública, afetando a qualidade de vida principalmente das mulheres em idade reprodutiva (entre, aproximadamente, os 15 e 49 anos), gestantes, crianças e idosos — sendo a anemia por deficiência de ferro (ADF) o tipo mais comum. O ferro é um mineral que desempenha papel crucial no metabolismo humano, participando do transporte de oxigênio para os tecidos e da produção de energia pelas células. A deficiência do ferro pode causar problemas de saúde de curto e longo prazo, incluindo o comprometimento do desenvolvimento cognitivo e físico, fadiga severa e redução da capacidade de trabalho.

Recentemente, estudos têm destacado o papel promissor dos probióticos na melhora da absorção e do metabolismo do ferro, abrindo novas perspectivas para o manejo da anemia

Em um estudo de alta evidência científica, foi demonstrado que a suplementação de probióticos, prebióticos ou simbióticos pode melhorar significativamente os níveis de hemoglobina — proteína cuja baixa concentração no sangue é um indicador de deficiência de ferro. Neste artigo, espécies de Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus fermentum e Bifidobacterium longum ganharam destaque por se mostrarem eficientes no aumento da biodisponibilidade e absorção de ferro pelo intestino, consequentemente influenciando de forma positiva o tratamento da anemia. Além disso, a combinação da suplementação de probióticos com ferro mostrou-se ainda mais eficiente, maximizando a absorção e os estoques do mineral nos tecidos em comparação ao uso isolado do ferro.

Uma meta-análise foi realizada a fim de elucidar o potencial benéfico da suplementação de Lactobacillus plantarum 22v sobre a absorção de ferro por via dietética (proveniente exclusivamente da alimentação). Os resultados foram consistentes: participantes que suplementaram diariamente com este probiótico apresentaram um aumento estatisticamente significativo na absorção do mineral.

Os mecanismos de ação propostos para explicar esses benefícios incluem:

● Redução do pH intestinal, otimizando a biodisponibilidade de ferro;

● Alterações no metabolismo da microbiota intestinal, potencializando a eficiência de seus metabólitos;

● Aumento da produção de muco na superfície intestinal, facilitando a absorção de ferro pelas células do intestino;

● Modulação da inflamação com redução da hepcidina (proteína que regula a quantidade de ferro no corpo), favorecendo a absorção de mineral.

A suplementação probiótica também pode ser considerada como medida preventiva aos viajantes que se dirigem a locais com condições sanitárias precárias, uma vez que dificulta a colonização de patógenos no TGI.

Por fim, integrar a suplementação de probióticos ao manejo da DA representa, além de um suporte ao tratamento convencional, uma abordagem eficaz para promover a recuperação da saúde gastrointestinal e o bem-estar geral dos pacientes.

Referências

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