
Quando falamos em probióticos, é comum associá-los diretamente à saúde intestinal ou, até mesmo, à imunidade. No entanto, um de seus papeis mais promissores – e ainda pouco difundido – é a capacidade de melhorar a biodisponibilidade e absorção de nutrientes essenciais ao metabolismo. Dados recentes sugerem que os probióticos podem agir sinergicamente com as vitaminas e minerais, promovendo a otimização da saúde.
A microbiota intestinal (MI) participa ativamente dos processos digestivos. Certas bactérias, como lactobacilos e bifidobactérias, são capazes de sintetizar compostos importantes, como vitaminas, aminoácidos e ácidos graxos de cadeia curta, que beneficiam as funções das células do corpo inteiro e melhoram sua capacidade de produção de energia. Além disso, a MI pode modular o pH intestinal e os níveis hormonais, fatores que também favorecem a absorção de nutrientes.
Há evidências crescentes de que os probióticos também podem influenciar a absorção de minerais como cálcio, ferro, zinco e magnésio. Isso se dá tanto pelo equilíbrio do pH intestinal – que favorece a solubilidade e transporte desses nutrientes –, quanto pela ação anti-inflamação, que contribui para a integridade da mucosa intestinal. Uma barreira intestinal íntegra permite a absorção mais eficaz de nutrientes, enquanto quadros de desequilíbrio do meio intestinal podem comprometer esse processo.
Estudos clínicos têm demonstrado, por exemplo, que a suplementação com Lactobacillus plantarum 299v pode aumentar a absorção de ferro em mulheres em idade fértil, com um aumento significativo na absorção de ferro proveniente de fontes vegetais. Além disso, probióticos como Lactobacillus rhamnosus e Bifidobacterium longum têm sido associadas a uma melhor absorção de cálcio e magnésio, favorecendo a saúde óssea.
Esse panorama abre espaço para uma atuação clínica mais estratégica: ao considerar a saúde intestinal como parte fundamental sobre o estado nutricional do paciente, profissionais da saúde podem potencializar os resultados de suplementações vitamínicas e minerais por meio da prescrição direcionada de probióticos específicos. Para o paciente, isso significa aproveitar melhor os nutrientes ingeridos e aumentar a chance de sucesso do tratamento.
Em resumo, os probióticos não atuam apenas como coadjuvantes na saúde intestinal, mas como facilitadores silenciosos da nutrição de todo o organismo. Investir em cepas bem estudadas e com evidências clínicas consistentes parece ser um caminho promissor para a promoção e manutenção da saúde.
Referências
- Sire, A., de Sire, R., Curci, C., Castiglione, F., & Wahli, W. (2022). Role of Dietary Supplements and Probiotics in Modulating Microbiota and Bone Health: The Gut-Bone Axis. Cells, 11(4), 743. https://doi.org/10.3390/cells11040743
- Bermúdez-Humarán, L. G., Chassaing, B., & Langella, P. (2024). Exploring the interaction and impact of probiotic and commensal bacteria on vitamins, minerals and short chain fatty acids metabolism. Microbial cell factories, 23(1), 172. https://doi.org/10.1186/s12934-024-02449-3
- Markowiak-Kopeć, P., & Śliżewska, K. (2020). The Effect of Probiotics on the Production of Short-Chain Fatty Acids by Human Intestinal Microbiome. Nutrients, 12(4), 1107. https://doi.org/10.3390/nu12041107
- Barone, M., D’Amico, F., Brigidi, P., & Turroni, S. (2022). Gut microbiome-micronutrient interaction: The key to controlling the bioavailability of minerals and vitamins?. BioFactors (Oxford, England), 48(2), 307–314. https://doi.org/10.1002/biof.1835
- Hoppe, M., Önning, G., & Hulthén, L. (2017). Freeze-dried Lactobacillus plantarum 299v increases iron absorption in young females-Double isotope sequential single-blind studies in menstruating women. PloS one, 12(12), e0189141. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0189141