A constipação é um distúrbio intestinal funcional comum e oneroso, no qual predominam sintomas de defecação difícil, infrequente ou incompleta. Tem um efeito negativo na qualidade de vida, e acomete cerca de 12-30% da população mundial.
COMO OS PROBIÓTICOS PODEM AJUDAR
Vários estudos demonstraram diferenças na composição da microbiota intestinal entre pessoas com e sem constipação, com diminuição da concentração de bifidobactérias e lactobacilos, além do aumento do número de Bacteroidetes, identificados em pessoas com constipação.
Apesar da variedade de tratamentos disponíveis, incluindo laxantes e suplementos de fibras, aproximadamente metade dos pacientes está insatisfeita com as estratégias de manejo atuais, pois a eficácia é limitada. Portanto, o manejo dos sintomas relacionados à constipação com probióticos surge como alternativa promissora.
O intestino abriga trilhões de microorganismos, e sua composição se correlaciona com muitos estados de doença. Estudos recentes começaram a desvendar os efeitos dessa vasta comunidade microbiana e seu complexo repertório metabólico na fisiologia intestinal.
Existem vários mecanismos de ação dos probióticos relevantes para a constipação, incluindo modulação da microbiota intestinal e fermentação, sistema nervoso e sistema imunológico.
Algumas cepas probióticas podem melhorar o quadro de constipação através da modulação de vias gastrintestinais específicas. Nesse contexto, a eficácia de probióticos se dá possivelmente por ação na motilidade intestinal e aumento do volume do bolo fecal, além de impactar a microbiota com a liberação de metabólitos como triptamina e ácidos graxos de cadeia curta durante a fermentação.
Novas tendências no manejo da constipação têm considerado a administração de probióticos como uma estratégia possível. Estudos recentes têm demonstrado que espécies como Bifidobacterium, Lactobacillus e Streptococcus influenciam significativamente os efeitos dos probióticos, e Bifidobacterium lactis ou Bifidobacterium longum combinados em probióticos de múltiplas cepas reduziram significativamente o tempo de trânsito intestinal, aumentaram a frequência das evacuações, melhoraram a consistência das fezes e reduziram a formação de gases. Ademais, o tratamento com probióticos voltado para promoção do aumento de Lacobacilus e redução de níveis de bactérias patogênicas como Alistipes, Odoribacter e Clostridium pode auxiliar no tratamento da constipação funcional.
Referências
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