Sobre a doença

A rinite alérgica (RA) é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que acomete grande parte da população de todas as idades, tendo incidência entre 10 e 30% na população geral. Esta condição, que vem aumentando significativamente nas últimas décadas, requer atenção devido aos seus impactos na qualidade de vida de quem é acometido por ela.

A RA tem início quando um indivíduo é exposto a um alérgeno que estimula respostas inflamatórias mediadas por imunoglobulina E (IgE) na mucosa nasal, causando sensibilização e consequente reação que pode se manifestar como secreção excessiva de muco, coceira, espirros, congestão nasal e olhos lacrimejantes.

A RA pode interferir na capacidade de concentração, performance no trabalho ou escola e na qualidade do sono, além de aumentar a irritabilidade e fadiga.

O tratamento para alívio da RA consiste na administração de medicamentos para tratamento dos sintomas, como anti-histamínicos, descongestionantes e corticosteroides intranasais, além de evitar a exposição aos alérgenos causadores das reações.

Como os medicamentos convencionais de alergia para RA podem causar efeitos colaterais, encontrar terapias complementares é de grande interesse.

Como os probióticos podem ajudar?

Em particular, probióticos vêm sendo amplamente estudados nos últimos anos em diversas condições alérgicas, mostrando efeitos antialérgicos significativos em estudos com animais e humanos.

Entre os mecanismos propostos para o efeito antialérgico de probióticos em indivíduos com RA, podem se elencar:

1. Modulação das vias de sinalização de citocinas inflamatórias (supressão de NF-kB);

2. Estímulo de células dendríticas que pode favorecer a produção de compostos anti-inflamatórios (diferenciação de células Treg);

3. Alteração do perfil de citocinas, reduzindo a secreção de IgE específica do alérgeno por células B.

 Com potencial de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos com RA, os probióticos têm sido utilizados de forma eficaz em várias condições alérgicas como rinite alérgica, asma e doenças atópicas.

ESTUDOS RECENTES

O pesquisador Guvenc e seus colaboradores realizaram uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados duplo-cegos compreendendo 2.242 pacientes com RA. Os pacientes receberam diariamente probiótico ou placebo por 4 semanas a 12 meses como adjuvante às terapias de alergia padrão. A maioria dos estudos avaliados demonstraram benefício clínico dos probióticos, com melhora significativa (p < 0,001) para sintomas nasais, oculares e de qualidade de vida. Recentes estudos demonstraram que a administração de cepas dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium por pelo menos 4 semanas para indivíduos com RA melhorou a qualidade de vida e os sintomas causados por esta condição. Sendo assim, a administração de cepas e espécies específicas de probióticos tem potencial para modular as respostas imunes inatas e adaptativas, favorecendo o tratamento da RA e consequentemente melhorando a qualidade de vida.

Referências