PERDA DE PESO – Como o uso de probióticos pode ajudar?

A microbiota intestinal (MI) tem se mostrado um potencial fator determinante no desenvolvimento da obesidade. A Dieta Ocidental, caracterizada por um grande consumo de produtos industrializados, gorduras saturadas, açúcares e baixo teor de fibras, aliada a um estilo de vida cada vez mais sedentário, gerou níveis de obesidade triplicados no mundo em relação ao ano de 1975, segundo a Organização Mundial de Saúde.

A obesidade é atualmente classificada como uma epidemia e se tornou um dos maiores desafios de saúde pública do século XXI. Esta condição é considerada uma doença complexa e multicausal, influenciada por fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo, como componentes ambientais, genéticos, neuronais, endócrinos e comportamentais.

Sabe-se que a MI atua como fator ambiental no desenvolvimento da obesidade. Pessoas com sobrepeso ou obesidade demonstraram ter um perfil de MI específico, caracterizado por disbiose (desequilíbrio) e menor diversidade microbiana em comparação com pessoas com peso normal. Nesse sentido, observa-se diminuição em alguns filos bacterianos, como a relação Bacteroidetes/Firmicutes, com menores proporções de Bacteroidetes e maiores proporções de Firmicutes do que as de pessoas sem obesidade.

Na obesidade, o perfil da microbiota parece aumentar a extração de energia dos alimentos ingeridos, o que aumenta o acúmulo de energia no hospedeiro. Além disso, a microbiota alterada também leva a uma produção suprimida de fator adiposo induzido pelo jejum (Fiaf), que promove aumento do armazenamento de triglicerídeos no tecido adiposo e a uma baixa liberação de hormônios como o peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e o peptídeo YY (PYY), promovendo a ingestão alimentar.

Qual o papel do probiótico?

O papel de probióticos e prebióticos na redução do peso corporal e/ou gordura corporal foi avaliado em estudos recentes, em pessoas saudáveis, com sobrepeso ou obesidade.

Os estudos demonstram que probióticos podem ter um efeito favorável na perda de peso e outros marcadores antropométricos relacionados em pessoas com sobrepeso ou obesidade. O uso de probióticos geralmente ocorreu durante um tempo médio 12 semanas (mínimo de uma semana e máximo de 36 semanas). Dentre os probióticos mais utilizados, destacaram-se o gênero Lactobacillus, que inclui cepas das espécies L. rhamnosus, L. gasseri, L. plantarum, L. casei, L. lactis, L. acidophilus, L. delbrueckii, L. reuteri e L. curvatus; e em relação às Bifidobacterium, foi comum o uso de cepas pertencentes às espécies B. animalis, B. bifidum, B. lactis e B. breve.

Em particular, L. gasseri, diferentes cepas de L. acidophilus isoladamente ou em conjunto com diferentes cepas dos gêneros Bifidobacterium ou Lactobacillus mostraram efeitos redutores mesmo quando os participantes não sofreram restrição energética. Resultados positivos também foram observados em nível antropométrico, quando houve combinação total ou parcial da intervenção com dieta hipocalórica, restrição calórica e/ou aumento da atividade física.

Assim, a suplementação com probióticos pode favorecer a perda de peso, e a melhora do índice de massa corporal e parâmetros bioquímicos como glicemia, insulina, triglicerídeos, VLDL-colesterol e outros indicadores também podem ser associadas ao uso de probióticos.

Referências