Considerada “o mal do século XXI”, a depressão é uma doença cada vez mais diagnosticada. Suas repercussões podem impactar fortemente a saúde do paciente, atingindo aspectos físicos, cognitivos, comportamentais, sentimentais e até socioeconômicos.
Por conta destes impactos significativos, os sintomas depressivos são uma preocupação crescente de saúde pública. Segundo especialistas, 20% da população sofrerá com a depressão em algum momento da vida.
Embora existam diversas modalidades terapêuticas para tratar dessa condição clínica, a medicina está sempre em busca de alternativas que acarretem menos efeitos colaterais que as medicações tradicionais. Neste contexto, tem crescido o interesse de estudos aprofundados sobre o uso de probióticos como terapia complementar nos transtornos neuropsiquiátricos.
Probióticos desempenham papel importante na comunicação bidirecional entre o intestino e o cérebro (EIC – Eixo Intestino-Cérebro). O EIC é uma rede finamente regulada de sinalização mútua através dos sistemas nervoso, endócrino e imunológico, estabelecida pela comunidade de microrganismos que habitam a microbiota intestinal (MI) e o cérebro. Sua ruptura é, portanto, associada ao aparecimento de sintomas físicos e neurológicos.
Estudos na área da microbiota intestinal sugerem que o uso de probióticos, por modular positivamente a MI, pode diminuir o perfil inflamatório, promover a biossíntese de ácido gama-aminobutírico, geralmente reduzido em pacientes com depressão, e potencialmente aumentar os níveis de serotonina por meio da produção de triptofano.
Há também um importante papel dos probióticos na redução de sintomas em pacientes com depressão moderada ou que nunca trataram a doença. Estudo recentemente publicado no periódico científico Frontiers in Psychiatry avaliou a eficácia, segurança e tolerabilidade dos probióticos na depressão. Após 8 semanas do uso dos suplementos, os pesquisadores observaram melhorias significativas na qualidade subjetiva do sono, além de redução de pontuação nas escalas de depressão e sintomas depressivos (escalas MADRS e o QIDS-SR16). No estudo, não foram observados efeitos colaterais ou efeitos adversos associados ao uso de probióticos.
O cuidado com a saúde mental garante bem-estar e qualidade de vida. Sabendo que em nosso intestino habitam trilhões de bactérias da MI intimamente relacionadas a saúde intestinal e mental dos indivíduos e que os probióticos, por sua vez, podem auxiliar na boa comunicação do eixo intestino-cérebro, pode-se considerar que esses são importantes aliados para o tratamento da depressão.
Vale ressaltar que o sucesso do tratamento depende largamente da administração da cepa probiótica correta para cada paciente e da condição clínica definida pelo profissional médico ou nutricionista.